×
Blog

Indução de ovulação o tratamento básico da reprodução humana

14 de junho de 2011

A ovulação é um fenômeno comum e fisiológico na mulher durante sua vida reprodutiva. Consiste no crescimento, amadurecimento e liberação pelo ovário de um óvulo com plena capacidade de ser fertilizado pelo espermatozoide, para que se forme o embrião e se estabeleça a gravidez.

Em um post anterior já abordamos este assunto, explicando detalhadamente como se processa a ovulação. Hoje vamos falar sobre os tratamentos de indução de ovulação.

Na grande maioria das vezes apenas um óvulo é amadurecido e liberado a cada mês, em um dos ovários. Costuma ocorrer uma alternância, apesar de não obrigatória, entre os ovários. Ou seja, em um mês a ovulação ocorre do ovário direito; no mês seguinte, do esquerdo.

Algumas mulheres desenvolvem, por distúrbios hormonais, problemas de ovulação. E assim não ovulam todos os meses. Esta é uma das principais causas de subfertilidade, e a doença mais comum neste sentido é a Síndrome dos ovários policísticos (SOMP). A principal tradução deste distúrbio na ovulação é a irregularidade menstrual.

Se o problema existente no casal é somente a disfunção ovulatória, uma simples indução de ovulação pode propiciar a gravidez ao casal. Entretanto, mesmo se a mulher está ovulando regularmente, a indução de ovulação pode ser utilizada para tentar aumentar a chance de o casal conseguir a gravidez. E nos tratamentos de reprodução assistida, seja a inseminação intra-uterina ou a fertilização in-vitro (FIV), sempre utilizamos a indução de ovulação para aumentar as chances de sucesso.

Dependendo do objetivo do tratamento, o que muda na indução de ovulação é o seu objetivo – quantos óvulos amadurecer ? – e, consequentemente, as doses e tipos de medicações que vão ser utilizadas.

O princípio biológico por trás da indução de ovulação é simples: procura-se aumentar a quantidade no sangue do hormônio que estimula o crescimento e amadurecimento dos óvulos, que é o Hormônio Folículo- Estimulante (FSH). Quando o óvulo está maduro, o aumento de outro hormônio, o LH – Hormônio Luteinizante, leva à liberação deste óvulo. Para conseguir o aumento da concentração no sangue destes hormônios temos duas opções. A primeira é utilizar substâncias que levem a uma maior liberação de FSH e LH pela hipófise (a glândula na base do cérebro que controla toda a ovulação). Neste caso o medicamento mais conhecido é o Citrato de Clomifeno (Clomid, Serofene ou Indux), e os menos utilizados como o Letrozole (Femara) ou o Tamoxifeno. Estas medicações fazem com que haja uma maior liberação endógena (dentro do próprio organismo) de FSH e LH, levando a uma estimulação do processo ovulatório. O Clomifeno é muito utilizado por ser uma droga segura, de custo baixo, e bastante efetiva nos casos de anovulação por SOMP.

A segunda maneira é administrando diretamente estes hormônios no organismo, através de injeções via de regra subcutâneas. Neste caso os hormônios (FSH, LH, ou combinação deles) chamados GONADOTROFINAS são produzidos através de substâncias corporais (como a urina de mulheres grávidas) ou por engenharia genética. Os mais conhecidos são GONAL F, PUREGON, BRAVELLE, MENOPUR, CHORAGON, e outros. Por agirem diretamente no órgão efetor – o ovário, estas medicações têm grande potência e especificidade, devendo ser utilizadas por médicos especialistas, e sob rigorosa monitorização da paciente, seja por ultrassom transvaginal e/ou dosagens hormonais.

No caso da indução de ovulação simples, o objetivo é amadurecer um ou dois óvulos. Este tratamento é utilizado nos casos de anovulação (como a SOMP), ou nos casos de subfertilidade sem causa aparente em casais jovens.

Pode-se utilizar o Citrato de Clomifeno isoladamente, ou associado com gonadotrofinas. O Clomifeno é administrado em doses de 50 a 150 mg/dia, por cinco dias, iniciando entre o 3º e 5º dia do ciclo menstrual. As gonadotrofinas são prescritas em injeções diárias, ou em dias alternados, a partir também do início do ciclo. Quando o folículo ovariano (ou folículos) contendo o óvulo atinge tamanho compatível com maturidade, entre 17 e 20 mm, duas coisas podem acontecer. Ou ocorre descarga endógena (no próprio organismo) de LH levando a liberação do óvulo para as trompas, ou esta “onda” de LH é simulada através da administração de uma injeção de hCG que é um hormônio com ação ovariana semelhante ao LH,e com duração de ação mais prolongada.

Desta maneira, a indução de ovulação garante que vai haver amadurecimento de pelo menos um óvulo, e é possível determinar a liberação deste, orientando ao casal o período mais adequado para as relações sexuais com vistas à aquisição de gravidez naquele ciclo.

Por se tratar de um procedimento mais simples, as chances de gravidez por ciclo não são muito elevadas, variando de 10 a 20%. Portanto, deve ser um tratamento preferencialmente reservado a situações específicas de anovulação, como a SOMP, ou para subfertilidade sem causa aparente em casais jovens (mulheres até 35 anos) e que estejam tentando gravidez por períodos não muito longos (até 2 anos). Deve-se também restringir este tratamento a no máximo 6 ciclos de induções. Se não houver sucesso está na hora de reavaliar, e, se necessário, partir para um procedimento mais efetivo.

Na próxima semana vamos conversar sobre como se faz indução de ovulação para inseminação intrauterina, e fertilização in-vitro (FIV). Boa semana, e até lá.

2 Comentários para “Indução de ovulação o tratamento básico da reprodução humana”

  1. Amanda Krause disse:

    Tomei clomid durante 5 dias, já tem 20 dias q tomei o última dose.
    Já posso fazer o teste?

Deixe uma resposta

Mensagem