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Cafeína em excesso pode diminuir chance de sucesso na FIV

14 de agosto de 2012
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Mulheres que bebem cinco ou mais xícaras de café por dia podem reduzir suas chances de sucesso do tratamento de fertilização in-vitro.

O estudo foi publicado no recente congresso Europeu de Reprodução Assistida (ESHRE) em julho deste ano, por investigadores dinamarqueses que acompanharam quase 4.000 pacientes submetidas à fertilização in-vitro (FIV) e injeção intra-citoplasmática de espermatozóides (ICSI) pacientes. O impacto adverso foi “comparável ao efeito prejudicial do tabagismo”.

A pesquisa foi apresentada pelo Dr. Kesmodel Schiøler Ulrik da Clínica de Fertilidade do Hospital Universitário Aarhus, na Dinamarca. Os resultados mostraram que o consumo de cinco ou mais xícaras de café por dia reduziu a taxa de gravidez clínica em 50%, e a taxa de nascidos vivos em 40%.

“Embora não tenhamos ficado surpresos que o consumo de café possa afetar as taxas de gravidez na FIV, fomos surpreendidos com a magnitude do efeito”, disse Kesmodel.

Estudos anteriores

A ligação entre a cafeína e fertilidade tem sido muito estudada ao longo do tempo, com resultados contraditórios. Alguns estudos descobriram um aumento da incidência de aborto espontâneo em bebedoras de grandes quantidades de café, mas outros estudos não mostraram associação.

Da mesma forma, uma revisão Cochrane (grupo de alta relevância científica em suas publicações) de 2009 mostrou que não havia evidência suficiente para confirmar ou negar o efeito de “evitar a cafeína” nos resultados de gravidez.

Entretanto, um estudo muito citado publicado em 2004 mostrou que o tempo para obter gravidez foi significativamente prolongado nas mulheres que consumiam mais de seis xícaras de chá ou café por dia, ou quando o parceiro masculino consumia mais de 20 doses de álcool por semana.

 

Estudo atual

Este estudo atual dinamarquês, realizado em uma clínica de fertilização in-vitro com grande número de casos, foi um seguimento prospectivo de 3.959 mulheres com FIV ou ICSI como tratamento de fertilidade. Informação sobre o consumo de café foi colhida no início do tratamento (e no início de cada ciclo subsequente). A análise estatística foi realizada com controle de variáveis de confusão (que poderiam comprometer a veracidade das conclusões) como idade da mulher, tabagismo, consumo de álcool, causa da infertilidade, índice de massa corporal (IMC), protocolo de estimulação ovariana, e número de embriões formados.

A análise mostrou que o “risco relativo” (chance) de gravidez foi reduzida em 50% nas mulheres que relataram beber cinco ou mais xícaras de café por dia – e a chance de nascimento vivo foi reduzida em 40% (embora essa tendência não tenha atingido significância estatística). Nenhum efeito deletério foi observado quando as pacientes relataram o consumo abaixo de cinco xícaras de café por dia.

Em sua conclusão, os autores compararam o efeito deletério de cinco xícaras de café “aos efeitos nocivos do tabagismo“. Vários estudos recentes têm confirmado que o tabagismo tem efeito adverso na FIV sobre o número de óvulos recuperados, as taxas de fertilização e implantação, bem como as chances de gravidez e nascimento vivo.

“Na literatura científica, há evidência limitada sobre o efeito da ingesta de café nos resultados de FIV”, disse o Dr. Kesmodel, “por isso não gostaria de preocupar pacientes de FIV desnecessariamente. Mas parece razoável, com base em nossos resultados atuais e as evidências que temos sobre o consumo de café durante a gravidez, que as mulheres não devam beber mais do que cinco xícaras de café por dia quando estão se submetendo à FIV”.

 

COMENTÁRIOS DO ESPECIALISTA

Este estudo é muito interessante pois é o primeiro a correlacionar diretamente o consumo exagerado de café com a redução do sucesso na FIV, e tem força estatística pelo desenho epidemiológico correto e pelo grande número de mulheres estudadas (quase 4.000).

Por outro lado reforça que a ingestão pequena ou moderada (em torno de 3 xícaras) de café diariamente não traz nenhum prejuízo às tentativas de gravidez, sejam naturais, ou sejam através da FIV.

A recomendação mais lógica é orientar às pacientes subférteis que reduzam sua ingesta de café para estes níveis aceitáveis. Não é nenhum grande sacrifício, principalmente levando em conta a recompensa maravilhosa de um tratamento com sucesso e uma gravidez saudável.

Boa semana, bom proveito das informações, e até nosso próximo post!

 

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