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A Inseminação Intrauterina pode me ajudar a engravidar?

15 de março de 2011

A Inseminação Intra-Uterina é um dos métodos mais antigos de tratamento de reprodução assistida. Consiste na colocação do sêmen preparado na cavidade uterina, após a estimulação da ovulação na mulher.

Este procedimento vem sendo realizado há mais de um século. No início, de maneira extremamente primitiva e rudimentar. O sêmen sem nenhum preparo era colocado dentro da vagina (inseminação intravaginal), ou do colo uterino (intracervical), naqueles casos em que existiam problemas de ejaculação no homem. A tentativa de introdução do sêmen “cru”, sem preparo, dentro do útero causava cólicas uterinas intensas e risco de reações alérgicas, e por isso esta conduta foi logo abandonada.

Com a evolução da andrologia laboratorial, o processo de preparação do sêmen conseguiu retirar do ejaculado as substâncias que antes causavam aqueles problemas, como as prostaglandinas (substância química presente no sêmen) e impurezas seminais. Através de passagem do sêmen em meio de cultivo específico, e centrifugação, passou-se a conseguir um produto seminal adequado para colocação dentro do útero. Além disso, a técnica laboratorial leva a uma capacitação do sêmen, aumentando a concentração de espermatozoides com motilidade e morfologia normais, e deixando-o mais apto a fertilizar o óvulo.

Assim, a modalidade intrauterina da inseminação tornou-se a mais utilizada, sendo hoje a única técnica estudada e aplicada clinicamente, em detrimento das outras modalidades de inseminação já abandonadas.

A inseminação intrauterina é um tratamento que tem como objetivo sincronizar e facilitar o encontro dos espermatozoides com os óvulos. O processo é iniciado por uma estimulação ovariana controlada, através de medicações orais e injetáveis, visando ao amadurecimento de 2 a 4 óvulos naquele ciclo. Por monitorização ultrassonográfica transvaginal, o médico sabe exatamente quando os óvulos estarão maduros, e quando haverá a ovulação e liberação dos óvulos para as trompas. Ocorrida a ovulação, neste mesmo dia é feito o procedimento de inseminação.

O casal comparece à clínica e o homem fornece uma amostra de sêmen por ejaculação. Este sêmen então será processado (preparado) para retirada de impurezas, espermatozóides imóveis e alterados. Ao final, temos uma amostra de espermatozóides com alto potencial de fertilização. O ideal é que esta amostra contenha pelo menos 5 milhões de espermatozóides com motilidade progressiva por ml de sêmen.

Este sêmen preparado é colocado em um cateter (tubo plástico) muito fino. Este cateter é introduzido lentamente através do colo uterino até que sua extremidade esteja na cavidade uterina. Então o conteúdo do cateter (sêmen) é injetado vagarosamente no interior do útero. A paciente permanece por 15 minutos em repouso e a seguir é liberada. São prescritas medicações para serem utilizadas que facilitam a implantação embrionária, como a progesterona. A mulher pode ter vida e rotina normal nos dias seguintes, e 15 dias após fazemos o teste de gravidez por dosagem sanguínea de beta-hcg.

A grande questão é saber em que casos a inseminação estaria bem indicada e poderia ser efetiva. Para isto é importante ressaltar dois pontos em relação ao processo.

Primeiro, a inseminação é um método de tratamento relativamente simples, que simula o que acontece na natureza, facilitando apenas a chegada de bons espermatozóides aos óvulos. A partir do momento em que o sêmen é injetado no útero, tudo deve ocorrer naturalmente no trato reprodutivo feminino. Portanto, as chances de gravidez com a inseminação ficam limitadas às chances naturais de fertilidade. A depender da idade da mulher varia de 12 a 22% por tentativa. Pode ser necessário repetir o procedimento mais de uma vez para atingir chances razoáveis de gravidez cumulativa.

Esta chance pode parecer baixa. Mas vejam que o método é utilizado em pacientes que têm diagnóstico de subfertilidade. Normalmente, estes casais têm chances espontâneas de gravidez muito reduzidas, abaixo de 10%, e, portanto, a inseminação irá restaurar a chance esperada de gravidez para o perfil e idade do casal.

Segundo, e como conseqüência do primeiro, a inseminação deve ser utilizada de preferência em casais jovens, em que a mulher tenha até 35 anos, com pouco tempo de subfertilidade (até dois anos), e nos casos em que não existam fatores importantes de infertilidade. A mulher deve ter trompas normais, e o exame de espermograma não pode ter alterações graves.

As principais indicações seriam casais jovens com infertilidade sem causa aparente (ESCA), disfunções ovulatórias, fator masculino leve a moderado, fatores cervicais (do colo uterino), e endometriose leve a moderada.

Importante também alertar que não vale a pena tentar vários e vários ciclos de inseminação. Quase sempre o casal que se beneficia da técnica consegue gravidez até o terceira ou quarta tentativa. Se até este ponto não houve sucesso, melhor reavaliar o caso e partir para tratamentos mais efetivos, como a fertilização in-vitro (FIV).

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