Síndrome do hiperestímulo ovariano. O distúrbio acontece devido à resposta excessiva ao estímulo hormonal da FIV
As técnicas de reprodução assistida têm ultrapassado diversas barreiras, melhorado os resultados, driblando os estigmas sociais, e se tornando cada vez mais populares. Contudo, como qualquer procedimento de alta complexidade, alguns “efeitos colaterais” podem aparecer. O principal deles é a Síndrome do Hiperestímulo Ovariano (SHO), que é a resposta exagerada ao estímulo hormonal realizado na técnica de Fertilização In Vitro (FIV).
Através da estimulação ovariana, se obtém múltiplos ovócitos, que podem gerar os embriões que serão transferidos ao útero da mulher. Caso o hiperestímulo aconteça, a paciente deverá tomar medidas e medicações que buscam resolver rapidamente o problema. A síndrome, na maioria dos casos, não é grave, não deixa sequelas e nem impede a realização de um novo tratamento de fertilização posteriormente. Mas é importante que você, paciente, saiba do que se trata.
A Síndrome do Hiperestímulo Ovariano é causada pelo aumento do volume ovariano associado à passagem de fluido e que ocasiona uma retenção de líquido no abdômen. Os casos graves podem colocar a vida da mulher em risco, embora sejam raros. Também existe o risco de a circulação sanguínea ser prejudicada, com o perigo de formação de coágulos.
Especialistas em medicina reprodutiva costumam monitorar, através de ultrassons e dosagens hormonais, a resposta de cada mulher ao estímulo ovariano. Desta forma, podem modificar a quantidade e tipo de medicação, conforme a necessidade. Não há como prever se alguém sofrerá de hiperestímulo, nem como vai responder aos indutores. Mas existem alguns fatores que influenciam e grupos de risco, sobretudo quem tem menos de 35 anos, já teve algum episódio de hiperestímulo pessoal ou na família, tem síndrome dos ovários policísticos e a alta contagem de folículos antrais.
Os médicos utilizam hoje como estratégia para a prevenção do SHO a substituição do hormônio HCG por um análogo do GnRH para a maturação folicular. Como resultado, isso dificulta consideravelmente o desenvolvimento da Síndrome. Também é utilizada como prevenção a administração de metformina em pacientes portadoras de Síndrome dos Ovários Policísticos.
Além disso, nos casos em que haja risco da SHO, a transferência do embrião não é realizada no ciclo de estimulação. Os embriões são congelados (vitrificação), e transferidos nos ciclo seguintes, após os ovários voltarem ao estado sem estímulo.
Certamente, com estas estratégias, quadros graves de SHO estão praticamente abolidos na moderna reprodução humana.
É recomendado, como prioridade, repouso absoluto, devido aos ovários estarem aumentados e haver maior risco de torção. Também é interessante, com acompanhamento e recomendação médica, uso de remédios sintomáticos (analgésicos e antieméticos). Suplementos à base de proteína do soro do leite a fim de aumentar o aporte proteico e ingestão líquida, preferencialmente de isotônicos, também são práticas aconselhadas por especialistas. Os quadros leves são totalmente auto-limitados, e se resolvem em poucos dias.
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