Está ficando comum o fato de mulheres deixarem para engravidar mais tarde, seja por razões profissionais ou por ainda não terem encontrado a cara-metade. Como a mulher não produz nenhum óvulo novo após o nascimento, com o avançar da idade, aumentam as dificuldades de engravidar. Recorrendo aos tratamentos de reprodução humana, muitos casais vêm realizando o sonho de ter filhos. Dados do Ministério da Saúde mostram que a proporção de nascimentos em mães acima dos 40 anos subiu, passando de 1,75% de nascidos vivos em 1996 para 1,95% em 2002.
Até os 30 anos, a mulher está no auge da sua fertilidade, ou seja, até essa idade é a hora mais propícia para ser mãe, mas não é isso o que acontece hoje. É também nessa fase da vida que as mulheres estão mais engajadas em suas carreiras, deixando sua vida pessoal de lado. E assim, elas adiam o plano até acharem o momento ideal para se dedicarem à vida materna.
É consenso entre os médicos que as taxas de gravidez diminuem gradativamente, principalmente a partir dos 35 anos de idade. Com o avançar dos anos, diminui a qualidade dos óvulos liberados a cada ciclo ovulatório pela mulher, o que diminui as chances de gravidez espontânea ou mesmo com tratamentos de reprodução assistida, além de a criança poder nascer com algum problema genético, como Síndrome de Down.
Há casos em que as chances de gravidez com os próprios óvulos já é muito remota, como em mulheres com mais de 43 anos. Uma saída para esse tipo de problema é a doação ovular, caso em que a gravidez é possível graças a óvulos doados por mulheres mais jovens, que são fertilizados em laboratório com os espermatozóides do marido da paciente, que vai gerar o bebê. Depois, o embrião é implantado no útero da mulher.
As chances de gravidez na fertilização in vitro variam conforme a idade: até 65% de chances em mulheres com até 35 anos que produzam embriões de boa qualidade, 40% a 50% até 40 anos, reduzindo-se para menos de 25% acima dos 40 anos.
Orientação é indispensável. Apesar da disponibilidade de técnicas avançadas que tornam possível o sonho de ser mãe em idade avançada, é importante uma boa orientação às pacientes e exames clínicos rigorosos antes de iniciar os tratamentos. A gravidez em gestantes com mais de 35 anos pode ser complicada caso haja alguma doença associada à idade, como hipertensão, diabete, insuficiência vascular ou aborto anterior.
COMENTÁRIO DO ESPECIALISTA: indubitavelmente o principal fator isolado que reflete a chance da mulher engravidar (fecundidade) é sua idade. A perda de quantidade e qualidade de óvulos é um fenômeno universal, contínuo (mesmo na vida intrauterina, infância e adolescência), e irreversível. Uma velha máxima da medicina reprodutiva diz: sua fertilidade hoje é melhor do que sua fertilidade amanhã. Guardadas as devidas proporções, este pensamento reflete a importância da qualidade dos óvulos no processo reprodutivo. É lógico que os espermatozóides também são fundamentais, mas vejam, um homem é capaz, a cada ejaculação, de produzir cerca de 50 milhões de espermatozóides maduros. É isto mesmo, poderíamos dizer que a produção de espermatozóides no testículo é praticamente inesgotável, e se mantêm com qualidade mesmo em idades mais avançadas como 60 ou 70 anos.
Já a mulher nasce com “apenas” um milhão de óvulos (valores aproximados) e, ao longo de sua vida reprodutiva que dura pouco mais de 30 anos, irá liberar cerca de 400 óvulos maduros. Por isso, o gameta feminino (o óvulo) é tão precioso. E por isso, recomendamos sempre às pacientes que não adiem muito a maternidade. Mesmo com os avanços da medicina reprodutiva, os tratamentos, mesmo a fertilização in vitro, têm chance de gravidez extremamente dependentes da idade materna e qualidade dos óvulos.
Lógico que não existe um padrão ideal, e vários fatores pessoais e sócio-ambientais devem ser levados em consideração, mas um conselho seria: procure ter seu primeiro filho até os 30 anos. Se não for possível, evite passar dos 35 sem a primeira gravidez. Na dúvida, consulte e converse com o especialista.
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