Em conversa com o apresentador Júlio Macedo, no programa Matina da TV União, explicamos as características e riscos para as mulheres, da gravidez em idades superiores aos 35 anos, particularmente após os 40 anos.
Três fatores principais foram abordados: a dificuldade maior de engravidar nesta faixa etária ; os riscos maternos da gravidez tardia ; e os riscos para o bebê da gravidez tardia. Além disso falamos sobre os avanços da medicina reprodutiva que podem ajudar o casal que resolve engravidar mais tarde.
Em primeiro lugar, nunca devemos deixar de alertar que a mulher nasce com um conjunto finito de óvulos, e não produz nenhum mais após o nascimento. Portanto, a qualidade dos óvulos vai apenas caindo com a idade. Assim, uma máxima imutável da medicina reprodutiva é: quanto mais nova a mulher, mais fértil ela é. A mulher vai certamente encontrar maiores dificuldades de conseguir engravidar após os 35 anos, e, principalmente após os 40 anos. Para termos um ideia desta perda de óvulos, aos 40 anos, uma mulher tem apenas 5% da quantidade de óvulos que trazia à época de seu nascimento!!
O ideal, portanto, é que a mulher não postergue muito sua primeira gravidez. Idealmente até 30 anos. Se não for possível, por motivos profissionais ou familiares, ter o primeiro filho (a) nesta época, evitar deixar passar dos 35 anos para a primeira gravidez.
Quanto aos riscos maternos para gravidez na faixa etária de 40 anos devemos ressaltar que, se a mulher tem saúde boa, sem doenças clínicas (diabetes, Hipertensão, etc), a gestação tende a ser tranquila, sem intercorrências. Logicamente deve ser uma gravidez muito bem acompanhada, com um pré-natal rigoroso. Existem alguns riscos obstétricos inerentes à concepção tardia, como o aumento do risco de hipertensão gestacional, e do trabalho de parto prematuro. Mas nada que não possa ter seus riscos minimizados por uma atenção médica adequada.
Os bebês também correm riscos no caso de mulheres que engravidam em idades mais avançadas. Além do risco da prematuridade já citado, devemos alertar que existe um risco crescente com a idade da mulher de que o óvulo tenha alguma alteração genética. O mais comum são as aneuploidias (alterações no número de cromossomos). Neste caso, o embrião formado também terá seu número de cromossomos alterados. A forma clássica, mais conhecida, desta situação é a Síndrome de Down, que é a trissomia do cromossomo 21 (a criança tem 1 cromossomo a mais).
É importante alertar, mas não assustar as mulheres que estão tentando engravidar nesta faixa etária. Digo isto porque a enorme maioria das gravidezes em mulheres na faixa de 40 anos é completamente normal, com crianças perfeitas e saudáveis. O aumento de risco que há é relativo. E o que isto significa? Vou exemplificar: para mulheres que engravidam aos 20 anos, o risco de Síndrome de Down é de um para cada 2.000 bebês nascidos. Se a mulher engravida aos 40 anos, o risco é de um para cada 100 bebês. É verdade que o risco aumentou, mas podemos ver esta estatística de outra maneira : se o risco é de 1 para 100, então este risco é de 1%, ou seja, em 99% das gravidezes em mulheres com 40 anos os bebês vão ser saudáveis geneticamente !!
Para terminar orientamos que a mulher que está planejando gravidez, independentemente de sua faixa etária, deve procurar seu ginecologista/obstetra de confiança para que seja feito um preparo adequado para a gravidez. Este preparo consiste na orientação de hábitos de vida e alimentação, adequação do peso e IMC (índice de massa corporal), exames laboratoriais para constatação de higidez clínica e ginecológica, vacinação para doenças que podem ser graves na gestação (Rubéola, Hepatite B, etc), e prescrição do Ácido Fólico. Este último é fundamental para qualquer mulher que queira engravidar pois previne a mal-formação do cérebro da criança, e sua tomada deve se iniciar antes da gestação.
Resumindo, com os cuidados adequados, hábitos de vida saudáveis, e sempre o acompanhamento do seu médico de confiança, sua gravidez tem todas as chances de ser absolutamente tranquila, levando ao nascimento de uma saudável criança.
Assista abaixo a entrevista completa e até nosso próximo post!