O Congresso Americano de Medicina Reprodutiva (ASRM 2017) transcorreu, conforme esperado, com 5 dias de extensa programação científica, reunindo equipes de especialistas médicos, embriologistas e cientistas de todo o mundo. Foi fantástico!
Vamos procurar resumir para nossos (as) leitores (as) os assuntos mais debatidos no encontro, ressaltando as atualizações, as controvérsias, e o aprendizado prático obtido para nossa rotina clínica no dia-a-dia, sempre no objetivo de aumentar ao máximo, e com segurança, a chance de gravidez de nossas pacientes.
Neste simpósio, mais uma vez foi ressaltada a importância dos marcadores de reserva ovariana. Os dois principais continuam sendo o hormônio anti-mulleriano (AMH) e a contagem ultrassonográfica de folículos antrais.
Ambos os métodos têm ótima precisão em determinar uma previsão de resposta ovariana na fertilização in-vitro (FIV) – quantos folículos serão amadurecidos e quantos óvulos captados a partir da estimulação ovariana.
Os estudos, porém sempre alertam para o fato de que estes marcadores não guardam boa correlação com a chance de gravidez. Ou seja: não é porque a paciente tem AMH ou contagem de folículos baixa que não vai ter chance de engravidar. Na estimativa da chance de gravidez deve-se sempre considerar também a idade da mulher, e o fator de subfertilidade.
O Time-lapse continua sendo muito debatido. Nesta técnica, os embriões são filmados dentro da incubadora, e a maneira e velocidade com que ocorrem as divisões celulares (clivagem) são utilizadas para predizer qual embrião teria maior potencial de implantação.
Porém, os estudos têm mostrado que o Time-lapse é excelente para análise embriológica, e até para predizer qual embrião teria menor potencial de evoluir para blastocisto, mas não foi comprovado que esta seleção aumenta a chance de gravidez nas pacientes, ou que reduza risco de aborto.
Como é uma tecnologia extremamente cara, é preciso aguardar mais tempo e que mais pesquisas sejam realizadas para definir se o custo-benefício compensa.
A técnica de vitrificação (congelamento rápido) realmente revolucionou a embriologia e a fertilização in-vitro (FIV). Afinal, na atualidade, é possível manter a qualidade do embrião congelado de modo que a chance de gravidez é semelhante ao do embrião a fresco.
E mais, estudos têm mostrado que a transferência de congelados pode trazer chance maior de gravidez, e menores riscos obstétricos como a prematuridade e o baixo peso ao nascimento.
Entretanto, alguns cientistas mostraram recentemente que em algumas pacientes, a transferência de congelados pode aumentar o risco de hipertensão na gravidez (pré-eclâmpsia), e o nascimento de bebês macrossômicos (grandes).
Portanto, ainda não está definido se o congelamento de todos os embriões (freeeze all) com transferência posterior será um caminho definitivo, ou se há situações em que pode ser tão efetivo e seguro transferir o embrião a fresco. Vamos acompanhar!!
Esta sim é uma tendência mundial, e que não parece ter volta. Afinal, sempre foi uma preocupação para os especialistas em medicina reprodutiva os riscos relativos à gravidez múltipla.
Com as melhoras nas técnicas de cultivo e seleção laboratorial dos embriões, e possibilidade de análise genética (PGD), hoje é possível quase sempre transferir apenas 1 embrião por tentativa, com excelentes taxas de sucesso.
Por isso há uma tendência mundial, muito bem-vinda, de redução das taxas de gravidez múltiplas, principalmente as de grande ordem, como trigêmeos e quadrigêmeos.
Por enquanto ficamos com estes tópicos. Nos próximos dias publicaremos a segunda parte deste tema, com outras atualidades sobre o congresso americano.