Esse mês a pílula anticoncepcional comemorou 50 anos de atuação no mercado. E mesmo sendo consumida por milhares de mulheres entre 15 e 49 anos que tem vida sexual ativa no Brasil, ela ainda não atingiu completamente seu principal objetivo: permitir que elas sejam mães apenas quando quiserem.
Segundo dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), quase metade das gestações, cerca de 46%, não são planejadas. Isso se dá devido à falta de conhecimento e acesso de muitas mulheres sobre esse tipo de proteção. Apesar de o Governo Federal garantir por lei a distribuição de pílulas nos postos de saúde, a maioria das usuárias as compram em farmácias, e ainda há muitas dúvidas no que diz respeito à forma de usar.
Quando a pílula foi lançada, apenas mulheres casadas e com permissão do marido podiam comprar. Hoje sabemos que já não é mais assim, porém, ainda paira sobre esse assunto muitas dúvidas, sejam de viés cultural, religioso e orgânico, entre outros. O fato é que existem muitas verdades e mentiras que envolvem o uso da pílula anticoncepcional. Vamos esclarecer algumas a partir de agora:
R. Em alguns casos pode engordar, pois o estrógeno aumenta o apetite, e a progesterona aumenta a retenção de líquidos, o que faz o corpo inchar. Mas é um ganho de peso pequeno, de no máximo meio a um quilo. Ganhos superiores a este, geralmente têm outros fatores associados, como o próprio descuido da mulher com sua forma física. Além disso, este ganho de peso só acontece em cerca de 15% dos casos. Pode acontecer também do anticoncepcional “engordar” por fatores psicológicos. Em todos os casos, dá para compensar com uma alimentação balanceada , e atividades físicas. A celulite envolve fatores também genéticos, alimentares e as variações de peso. Não dá para colocar a culpa apenas no anticoncepcional.
R. Antigamente sim, devido às altas dosagens de hormônios nas pílulas. Mas hoje, com comprimidos com dosagens cada vez menores, essa pausa não é mais obrigatória, e nem necessária. Você pode tomar o anticoncepcional pelo tempo que precisar, sempre orientada pelo seu ginecologista (e não porque sua amiga está tomando aquele).
R. Sim. Alguns tipos de antibióticos como a ampicilina e tetraciclina podem prejudicar o efeito da pílula anticoncepcional, assim como alguns remédios para o tratamento de epilepsia, devido a redução de absorção intestinal da medicação, ou interações medicamentosas. Informe sempre ao médico o uso de anticoncepcional quando precisar de um outro medicamento.
R. Não. Este é um mito antigo, há muito refutado pela ciência. Em verdade, o anticoncepcional hormonal pode até proteger o trato reprodutivo feminino de doenças que podem levar a subfertilidade futura, como os cistos ovarianos, doença inflamatória pélvica, e mesmo a endometriose. No mês seguinte à parada, ou em cerca de três meses (no caso do injetável trimestral), a ovulação da mulher deve voltar ao normal, e ela volta a ficar fértil. Há casos inclusive em que o esquecimento de apenas um dia resultam em gravidez. O que pode causar confusão é que a mulher poderia já ter um fator de subfertilidade antes da tomada do anticoncepcional, sem que soubesse disso. Outro fato a considerar é a idade. Uma mulher que tome anticoncepcional dos 25 aos 35 anos poderá ter dificuldade de engravidar quando parar a pílula, mas porque já tem 35 anos, e não por causa do anticoncepcional. Porém, passados seis meses de relações sexuais sem proteção e a gravidez não vier, considere a possibilidade de infertilidade (por outros motivos) e procure um especialista.
R. Não. Seu uso correto apenas impede a gravidez. Nenhum remédio protege contra DST’s. Para esse tipo de proteção é recomendado o uso de barreiras físicas, como as camisinhas masculina e feminina.