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Gravidez em mulheres com laqueadura tubária

16 de fevereiro de 2012

A esterilização voluntária (laqueadura tubária nas mulheres e vasectomia nos homens) é uma das causas de infertilidade cada vez mais frequente em nossos consultórios. Na verdade, existe em nosso país uma cultura de massificação de técnicas como a laqueadura tubária para o controle de natalidade. Mais recentemente, a vasectomia também passou a ser estimulada, por ser um procedimento menos invasivo e requerer cuidados mais simples no pós-operatório.

Como médicos especialistas em reprodução humana, questionamos se todas as implicações da decisão pela esterilização estão sendo discutidas com esses casais. Sempre alertamos que a laqueadura tubária deve ser oferecida como método definitivo de esterilização, com todas as conseqüências decorrentes. Afinal, nem sempre existe possibilidade, caso haja arrependimento futuro, de desfazer cirurgicamente a laqueadura.

Contraceptivos reversíveis

Neste sentido deve-se sempre fazer uma orientação completa ao casal sobre a grande variedade atual de métodos contraceptivos reversíveis, cada vez mais eficazes e seguros. Preservativos, pílula anticoncepcional, injeções contraceptivas, adesivos, implantes, dispositivos intra-uterinos (DIU), e outros métodos, podem ser utilizados sem riscos a longo prazo, desde que indicados e acompanhados pelo profissional médico competente. Assim o casal pode fazer de maneira tranquila o seu planejamento familiar, decidindo quando, e quantos filhos ter, e, caso mudem de ideia futuramente, suspender o método e partir para nova gravidez.

Altos índices de laqueaduras

 

É preocupante constatar que o Brasil tem um dos maiores índices de laqueaduras do mundo, com quase 40% das mulheres em idade reprodutiva esterilizadas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O mais alarmante é que muitas mulheres brasileiras optam pela esterilização no auge de sua capacidade reprodutiva, entre 20 e 30 anos. Vários fatores podem levar ao arrependimento futuro, principalmente o desejo de novas gestações diante de um novo casamento, o crescimento ou falecimento dos filhos.

Por outro lado, a boa notícia é que a medicina reprodutiva oferece cada vez mais sucesso nos tratamentos que buscam nova gravidez em mulheres com laqueadura tubária. Basicamente duas estratégias podem ser utilizadas: a reversão da laqueadura, ou a fertilização in-vitro (FIV).

Para mulheres mais jovens, com menos de 35 anos, sem qualquer outro fator de infertilidade, a salpingoplastia, isto é, a reversão cirúrgica da laqueadura, pode ser uma alternativa para realizar o sonho da nova gestação. O sucesso da reversão envolve fatores como o tipo de lesão causada nas trompas e o comprimento da trompa que permanece após a laqueadura. Pode ser realizada por anastomose tubária microcirúrgica, via laparotomia ou via laparoscopia.  O percentual de sucesso é de até 70% de taxa cumulativa de gravidez, em 1 a 2 anos, dependendo da idade materna. Mas após a reversão, o risco de gestação ectópica, que ocorre na própria trompa, aumenta cinco vezes, podendo chegar a 7%. Em alguns casos, porém, mesmo reconstituídas as trompas não recuperam sua função.

Fertilização In-Vitro

 

Para mulheres com insucesso na reversão, mau prognóstico (associação de outros fatores de subfertilidade como endometriose ou fator masculino), idade mais avançada, ou que foram submetidas à salpingectomia (retirada das trompas) somente a reprodução assistida pode realizar o sonho de uma nova maternidade. A Fertilização In-Vitro (FIV), também conhecida como bebê de proveta, é a técnica indicada nesses casos. A ovulação da mulher é induzida por medicamentos. Os óvulos maduros são removidos do ovário e in vitro (antigamente na “proveta”) são unidos aos espermatozoides previamente selecionados. Após a fertilização, um ou mais embriões são transferidos para a cavidade uterina da paciente. Em condições ideais – mulheres até 35 anos, formação de bons embriões e padrão laboratorial de excelência – o índice de gravidez pode superar 60% por tentativa.

Infelizmente, enquanto a esterilização é realizada amplamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), casais com qualquer problema de infertilidade encontram desamparados caso necessitem do sistema público.  Para os casais que ainda não optaram pela esterilização fica o alerta: é importante pensar em outros métodos contraceptivos através do planejamento familiar. A laqueadura é recomendada sem restrições apenas para mulheres com problemas de saúde que tragam riscos elevados a uma nova gravidez.

(artigo também publicado no jornal OPOVO em 22 de janeiro de 2012)

15 Comentários para “Gravidez em mulheres com laqueadura tubária”

  1. Meirilandes disse:

    Fiz laqueadura tubária a 5 anos me arrependi posso ter outro bebê estou com 33 anos

  2. Emily disse:

    Fiz laqueadura a dois anos, minha M nos últimos meses mudou o dia, desde do nascimento do meu filho era no dia 14,em maio foi dia 7, em junho dia 3, tive relação dia 11 de junho, por ser operada não uso nenhum método de prevenção, no dia 12 de junho passei muito mau, agora no mês de julho ela atrasou 3 dias, fiz o Beta HCG deu 10 UI, e a M desceu bem pouco no dia seguinte pouco fluxo só dois dias quando ia ao banheiro, estou sentindo cólicas e enjoos, não sei o que fazer…

  3. Cátia marina disse:

    Foi laqueada a 5 anos e tenho sentido a mas de uma semana tonturas dor de cabeça enjoo náuseas cansaço será gravidez

  4. Edilene Soares Rodrigues de Souza disse:

    Fiz laqueadura há 5 anos, tenho 35 anos, quais as possibilidades de engravidar pela fiv ??

    • Dr. Fábio Eugênio disse:

      Oi Edilene,

      Chances excelentes com a FIV!!

      Cerca de 60% com blastocisto de ótima qualidade.

      Para mais informações me contacte no e-mail (drfabioeugenio@gmail.com), ou no fone/whatsapp (85) 9.9909.0227

      Atenciosamente,

      Dr. Fábio Eugênio

  5. Ewilyn disse:

    Sou laqueada a três anos e gostaria de saber se minhas trompas pode se regenerar com pouco tempo

    • Dr. Fábio Eugênio disse:

      Oi Ewilyn,

      É muito raro que isto ocorra naturalmente.

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    Olá fiz laqueadura tem 18 anos e agora aos 40 anos surgiu o desejo de ter outro filho é possível com a fertilização invitro? Quais às chances de susseso?

    • Dr. Fábio Eugênio disse:

      Oi Patrícia,

      É possível sim. Suas chances com a FIV são ótimas!!

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