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Tecnologia é recurso no combate à gravidez múltipla

16 de abril de 2010
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A fertilização in vitro é uma excelente opção para casais que não conseguem engravidar por vias naturais. No procedimento, o espermatozoide é injetado no óvulo em laboratório e só depois o embrião formado vai para o útero da mulher. Porém, essa técnica exige alguns cuidados ao ser usada, devido ao risco de gravidez múltipla.

O Brasil é um dos países do mundo com as maiores taxas de gravidez múltipla. Até 30% das gestações por fertilizações in vitro resultam em gêmeos, trigêmeos e, mais dificilmente, quadrigêmeos e quíntuplos. E os casais precisam se conscientizar de que a gravidez múltipla é de risco. Pode provocar na mãe pré-eclâmpsia (aumento de pressão arterial), diabetes gestacional e abertura precoce do colo uterino, com parto prematuro. Já para o bebê ocorre o problema da prematuridade, comum nesse tipo de gestação, associada à má formação dos órgãos, disfunções neurológicas e maior suscetibilidade a infecções hospitalares.

Isso acontece porque os casais ficam receosos de não obterem sucesso na transferência de um único embrião, e querem aumentar as chances de engravidar implantando o máximo de embriões. E, devido a limitações financeiras, preferem correr o risco da gravidez múltipla do que o da não-gravidez.

No entanto, em virtude aos avanços tecnológicos e da possibilidade de melhor seleção de espermatozoides e óvulos, é possível aperfeiçoar as chances de engravidar implantando um número menor de embriões. Em Fortaleza, já dispomos do aparelho denominado Super ICSI, que permite a visualização de até oito mil vezes o tamanho do espermatozoide, possibilitando escolher os de melhores características morfológicas. Em outros equipamentos essa ampliação está limitada a 400 vezes. Mais vantagens são proporcionadas pelo laser OCTAX EYE, que permite um afinamento do recobrimento (zona pelúcida) do embrião a ser implantado, aumentando as chances de fertilização. E ainda, a melhora contínua dos meios de cultivo e técnicas laboratoriais de cuidados com os embriões têm proporcionado chances cada vez melhores de gravidez.

COMENTÁRIO DO ESPECIALISTA

A gravidez múltipla (gêmeos, trigêmeos e mais), apesar de desejada por alguns casais que têm muita dificuldade para engravidar, deve ser considerada uma complicação dos tratamentos de reprodução humana. Sempre ressalto aos casais que o objetivo do tratamento é a obtenção de uma gravidez ÚNICA de um bebê saudável. Quando escapa um pouco da programação que venha uma gravidez dupla (gêmeos) que, normalmente, é uma gravidez cujo pré-natal cursa de maneira relativamente tranquila. O que devemos procurar evitar sempre são as gravidezes múltiplas de maior ordem como trigêmeos ou quadrigêmeos, que podem trazer riscos importantes para mãe e bebês.

Uma impressão errada da maioria dos casais é de que, quanto mais complexo o tratamento maior o risco de gravidez múltipla. Ou seja, eles acreditam que o risco de múltiplos é maior na fertilização in vitro do que na inseminação intra-uterina e o risco na inseminação seria maior do que na indução de ovulação simples medicamentosa. Não é bem assim. Na verdade, na fertilização in vitro, já que temos controle sobre o número de embriões a serem transferidos (decisão conjunta equipe médica – casal), podemos ter riscos por vezes menores do que em tratamentos mais simples. A razão é que na inseminação e na indução de ovulação não temos qualquer controle sobre o número de embriões que se formarão, já que este processo vai ocorrer naturalmente dentro do sistema reprodutivo da mulher. E então pode haver surpresas.

O fato inequívoco é que, com os avanços científicos e tecnológicos da reprodução assistida temos condições reais de reduzir cada vez mais os riscos de gravidez múltipla, que no Brasil ainda são muito altos. Na fertilização in vitro, utilizando critérios objetivos em relação ao perfil do casal e qualidade dos embriões, para decidir o número ideal a transferir, no sentido de maximizar as chances de gravidez e minimizar o risco de gemelaridade de maior ordem (três, quatro etc). Na inseminação intra-uterina e na indução de ovulação, uma monitorização ovariana criteriosa em relação a um número adequado de óvulos recrutados, e em caso de hiperresposta, coragem e honestidade de propor inclusive cancelamento daquele ciclo ao casal, se os riscos estimados de gravidez múltipla forem elevados.

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