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Eficácia do congelamento de óvulos

16 de abril de 2010
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A maioria das mulheres ainda não teve filhos por causa da vida profissional ou porque não encontraram o homem certo. Elas acreditam que isto não é um problema e que a melhor maneira para adiar essa fertilidade é congelar os óvulos. Mas a maioria tem uma percepção distorcida sobre o assunto porque, apesar dos avanços das técnicas de congelamento de óvulos, ainda é considerado apenas experimental. Em todo o mundo só existem pouco mais de 500 bebês que nasceram através desse método e as chances de gravidez são de, no máximo, 20 a 30%. O mais aconselhável continua sendo engravidar em idade fértil.

Para a reprodução assistida, o congelamento de óvulos sempre foi um desafio, ao contrário dos espermatozoides, que são congelados com sucesso há mais de 50 anos, e dos embriões, há 15. O procedimento era lento e formava cristais de gelo no óvulo, então muitos não suportavam o processo de descongelamento e “estouravam”, registrando uma média de sobrevivência em 10%. Além disso, após esse descongelamento apareciam alterações cromossômicas que inviabilizavam a utilização do óvulo.

Depois do aperfeiçoamento, surgiu a técnica da “Vitrificação”, em que o óvulo é congelado rapidamente e envolto por uma substância gelatinosa, diminuindo a possibilidade de formação de cristais. Antes do congelamento, os óvulos são extraídos após a estimulação da ovulação. A temperatura é, então, reduzida de 37°C, temperatura do corpo humano, à temperatura do nitrogênio líquido, 196°C negativos, que permite um armazenamento por tempo indefinido.

A Vitrificação trouxe avanços significativos nos resultados de congelamento de óvulos e também é utilizada rotineiramente na atualidade para congelamento de embriões. Após o descongelamento, os óvulos são fecundados por meio da técnica de fertilização ICSI, sigla em inglês para Injeção Intra-Citoplasmática de espermatozoide, em que um único espermatozoide é injetado no óvulo.

Antes de a paciente tomar qualquer decisão, o médico precisa informá-la de que a técnica é experimental e que não é possível garantir que ela vá engravidar no futuro. A clínica BIOS realiza o congelamento por vitrificação há um ano e meio e tem cerca de dez pacientes com óvulos congelados, todas conscientes das limitações.

COMENTÁRIO DO ESPECIALISTA

É lógico que a possibilidade de poder adiar a maternidade para uma época em que estejam mais “bem resolvidas” emocionalmente e profissionalmente interessa a muitas mulheres. Do ponto de vista biológico, isto é um aposta extremamente perigosa, pois sabemos que quanto mais jovem a mulher, maiores as chances de conseguir uma gravidez. Portanto, como regra geral, o melhor é que a mulher engravide o mais cedo possível, dentro de suas possibilidades e programação. E o problema central é sempre o envelhecimento dos óvulos, um fenômeno universal e irreversível em todas as mulheres e que se inicia quando ainda ela está no ventre de sua mãe.

Existiriam algumas situações em que o adiamento da maternidade seria necessário. Uma situação social, por vontade própria, ou em casos médicos em que doenças precisam ser tratadas ou curadas (inclusive cânceres) antes que a mulher seja liberada para engravidar. Por isso a possibilidade de congelar óvulos, mantendo sua capacidade de fecundação, sempre fascinou. Inicialmente esta situação esbarrou na dificuldade técnica do procedimento. O óvulo é uma célula grande, com enorme conteúdo de água. A água ao congelar expande seu volume, e isto levava na maioria das vezes a danos irreversíveis nos óvulos. Este problema foi em grande parte resolvido pela Vitrificação. É um método de congelamento ultrarrápido em que os tecidos passam quase que instantaneamente a um estado sólido semelhante ao vidro, diminuindo os danos que a redução de temperatura poderia causar aos tecidos.

A Vitrificação, realmente, veio melhorar muito a qualidade do congelamento ovocitário, e alguns centros mundiais de pesquisas já tem conseguido chances de gravidez com esta técnica muito próximas das chances obtidas com óvulos “a fresco” .

No entanto, como tudo em Medicina, necessita de tempo para sedimentar a técnica e oferecê-la em larga escala. O método ainda deve ser considerado experimental e as pacientes que quiserem congelar óvulos para tentar gravidez futura devem estar cientes desta situação e das limitações envolvidas.

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